domingo, 9 de março de 2014

QUAL O PERIGO DE PECAR?


"...Arrependam-se, pois o reino dos céus está próximo..." Esta era a mensagem pregada por João Batista "naqueles dias", mensagem que era comumente pregada até o final da década de 90 início dos anos 2000. De lá pra cá, tal mensagem caiu em desuso ao ponto de necessitarmos de uma mensagem mais contemporânea e que agradasse aos ouvidos de gregos e troianos, ou seja, evangélicos, católicos, espiritas, ateus e espiritualistas em geral, e não é necessário raciocinar muito para saber que mensagens sobre arrependimento e pecado não são populares entre os não evangélicos. 
De repente nos deparamos com uma geração que não sabe sequer o que é pecado, e nem ao menos tem ideia de qual seja o perigo de pecar.
Embora tenha ouvido muitas mensagens sobre santificação e hamartiologia, achava insuficiente a argumentação dos pregadores sobre o porquê deveríamos evitar o pecado. Ouvi muitas mensagens onde os pregadores diziam que tínhamos que evitar o pecado para não irmos para o inferno, que o salário do pecado era a morte, que Deus destina o pecador ao inferno e que passaríamos a eternidade distante do criador e de todos aqueles que amamos. E quase todas as mensagens que ouvia seguiam sempre por essa mesma vertente, confesso que sentia medo de algumas delas, mas tal argumento não era o suficiente para me convencer a renegar certos desejos pecaminosos que em mim haviam, até que comecei ler a bíblia procurando algo que me ajudasse a compreender melhor o porque não deveria viver entregue ao pecado, ou o porque deveria eu renegar certos desejos que em mim afloravam. Embora eu quisesse evitar alguns deles, não encontrava uma refutação sólida e consistente o suficiente para me embasar e resistir muitos de meus pecados voluntariosos que diuturnamente me visitavam. 
Questionava muitas vezes qual era o real perigo de pecar, porque deveria renegar desejos fisiológicos que consistiam na biológica estrutura do meu ser, criados pelo próprio Deus para minha satisfação e prazer. Questionava porque um jovem saudável e viril, no ápice de sua sexualidade deveria renegar seus desejos? Por que?
Certo dia, lendo o livro de Hebreus no capítulo 6 a partir do versículo 4 dizia assim: "...ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espirito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento, pois para sí mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o a vergonha pública...
Partindo deste texto comecei a entender qual era o real perigo de se viver no pecado, comecei a entender que havia uma grande diferença entre cometer um pecado e viver no pecado.
Se pararmos para pensar sobre qual o principal motivo de Jesus ter vindo a este mundo e morrer numa cruz por nossos pecados, logo chegaremos a conclusão óbvia de que Ele deixou o esplendor de sua glória, suas honrarias, seu trono e a companhia do Criador do universo para resgatar novamente a humanidade que distanciou-se do Deus criador  dos céus e da terra justamente por causa do pecado. Não é preciso lembrar aos que são leitores da bíblia sagrada que o pecado faz separação entre Deus e os homens.
Somente para aflorar nossa memória, é sabido de todos que Adão e Eva após desobedecerem ao mandamento divino, foram expulsos do jardim do Éden e morreram conforme o Criador havia dito. É exatamente isto que acontece quando preferimos o pecado e preterimos a obediência aos mandamentos divino, causamos sempre uma ruptura com o Criador através da pessoa do Espírito Santo que em nós habita.
É por isso que disse que há uma enorme diferença entre pecar e viver no pecado. Quando pecamos por causa da falibilidade humana, basta recorremos ao Criador com um coração sincero e puro e buscarmos o perdão pelo nosso erro que encontraremos no Senhor toda a misericórdia e bondade que necessitarmos para nos aliviarmos da culpa pelo pecado, mas quando caminhamos para uma vida de pecado, o que nos acontece no caminho é sempre como uma avalanche, que começa pequena e vai ganhando força montanha a baixo.
Percebi na leitura do texto em hebreus que se uma pessoa religiosa, que busca viver na integridade, honestidade e justiça começa a dar lugar ao pecado, a consequência da ação do erro em sua vida será o distanciamento entre ela e o Espirito Santo, lembrando que o Espirito Santo está neste mundo com a missão de convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo, e o faz momentaneamente com cada ser humano existente neste planeta. Você, assim como qualquer pessoa, já ouviu aquela voz interior que convence em certas situações de que sua atitude como cristão, como filho, como pai, mãe, como irmão, como amigo e como ser humano não está correta. Quantas vezes você já perdeu o sono no meio na noite por se sentir mal por uma atitude omissa à alguém que direta ou indiretamente estava numa situação desconfortável e você sabendo que poderia ajudar esse alguém preferiu omitir-se e excusar-se do que prestar solidariedade humana, prontidão, socorro ou até mesmo salvação a este alguém. E em quase cem por cento dos casos não nos sobrecarrega absolutamente nada. Esse "insônia" é a tentativa do Espírito Santo em convencer que você poderia mudar drasticamente a vida de alguém e que você não o fez. Eu poderia citar vários exemplos da presença do Espírito Santo tentando convencer-nos dos nossos erros e deslizes diários, mas creio ter sido claro suficientemente.
É exatamente aí que está o perigo de se pecar. O perigo de viver pecando está em se perder a sensibilidade humana para ouvirmos a voz do Espírito Santo e a voz da nossa própria consciência ética e moral. A medida que transgredimos um mandamento, mais dias, menos dias, o Espírito Santo nos convencerá em um determinado momento da vida de que nossa atitude naquela situação não foi a correta, e quando buscamos a proximidade com o Criador do universo, nos tornamos cada vez mais sensíveis a refutação do Espírito e então damos lugar ao arrependimento e buscamos o perdão em Deus que a todos dá liberadamente. Mas quando vivemos uma vida dissoluta e entregue ao erro, nos tornamos duros de coração, ou seja, insensíveis aos sentimentos que nos tornam humanos, pois o que nos diferencia das máquinas são nossos sentimentos e emoções, a partir do momento em que endurecemos nosso coração para os sussurros do Espírito Santo passamos a nos desumanizarmos e a nos tornarmos verdadeiros zumbis do pecado.
O pecado sempre foi o principal agente separador entre Deus e os homens. No princípio Deus caminha no jardim do Edén com Adão, após a queda de Adão houve uma separação, Deus que outrora caminhava todos os dias com Adão agora já não caminhava mais, somente falava à Adão, Caim e Abel. Mas Caim pecou e matou seu irmão Abel e os descendentes de Adão se corromperam casando com mulheres descendentes de Caim, Deus que outrora falava diretamente aos homens passou a escolher alguns homens com quem falaria e revelaria sua vontade, tais homens foram chamados profetas, pois transmitiam a vontade de Deus aos homens, mas como o pecado abundou, Deus procurou na terra um homem que pudesse obedecer a sua vontade, sem sucesso na busca e percebendo o Criador que os homens já não davam mais ouvidos as palavras dos profetas, Deus precisava manter o contato com os homens, não que Deus precisasse do homem, mas justamente o contrário, sabia muito bem o Senhor que o homem sem a sua presença não subsistiria, então com a crescente do pecado, Deus enviou seu filho unigênito a este mundo para que através de seu sangue pudesse estabelecer uma aliança eterna entre Deus e os homens. E assim foi feito, Jesus veio a este mundo morreu na cruz por nossos pecados e nos garantiu a oportunidade de uma vida eterna com o Pai. 
Enquanto esteve na terra a palavra de Deus era transmitida a todos os homens, mas Cristo foi morto e subiu aos céus, deixando na terra apóstolos que continuassem a propagação do evangelho de Cristo a todos os homens, mas com o avanço do pecado, tais homens foram mortos e o que nos resta hoje como sinal da presença de Deus com os homens é a bíblia sagrada e a presença do Espírito Santo no meio de nós. 
Deus nunca nos desamparou, sempre que a situação fica crítica ele providência um escape, e sabendo que o homem não poderia ficar sem sua presença, deixou-nos o Espirito Santo para nos auxiliar em direção a Deus, por isso lembre-se, sempre que você trata com naturalidade casos de homicídio, suicídio, divórcio, ou quando pedofilia, racismo, miséria, inimizades, fome e guerras não te afetam e não mais te sensibilizam, CUIDADO! Você pode estar dando adeus ao Espírito Santo.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

O INDESEJAVEL CÁLICE DE CRISTO

Antes de tudo gostaria de deixar bem claro que a exposição feita neste texto não retrata uma verdade teológica e sim, uma especulação teológica baseada em algumas citações bíblicas que farei questão de elucidar no decorrer deste texto numa tentativa de embasar tais “afirmações” que gostaria de compartilhar. Digo também que não é por se tratar de uma especulação teológica que o texto a seguir não seja uma verdade teológica. Caso queira, comente sobre o mesmo. Desde já agradeço!

       Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas relatam algumas peculiaridades sobre as últimas horas de Jesus antes de sua crucificação, claro que os autores relatam esses momentos sinopticamente, porém, os relatos de Mateus apresentam alguns ricos detalhes que me ajudaram a concluir tal pensamento que tenho a respeito de uma específica oração feita por Jesus Cristo.
       Algumas orações são citadas na bíblica sagrada como sendo feitas pelo Senhor Jesus Cristo como a oração do pai nosso que se tornou o modelo de oração a todos os cristãos, a oração por seus discípulos e a oração que fez no Getsêmani momentos antes de sua prisão e condenação a morte. E é exatamente sobre esta oração feita por Jesus no monte das oliveiras após sua última ceia com seus discípulos que quero comentar. Esta oração é a base para ponderarmos sobre o que deixou Jesus tão angustiado até a morte, o que afligiu a alma de Cristo ao ponto de sentir a necessidade de orar três vezes pelo mesmo motivo e tentar encontrar em seus confusos discípulos alguma forma de consolo ou apoio.  
       Quando disse que analisaria a oração de Jesus feita no Getsêmani, na verdade estava querendo dizer que me intrigou muito o fato de querer saber o que era exatamente o cálice citado por Jesus onde Ele pede ao Pai para que se possível passasse Dele, ou fosse Dele afastado. Tal cálice que lhe era necessário beber continha algo que certamente angustiou Cristo até o âmago de seu ser, ao ponto de orar tão intensamente que um dos evangelistas chega a citar que quando orava, sua transpiração era como gotas de sangue. A substância contida neste cálice era tão indesejada que Ele ora tão intensamente que lhe é enviado um anjo do céu para consolá-lo e confortá-lo neste momento angustiante. Analisando um pouco mais, o que estava contido neste cálice era tão agonizante para Cristo, que além da angustia sentida por Ele, além de ser consolado por um anjo do céu, além de cobrar de seus discípulos apoio no momento mais difícil de sua vida, Jesus Cristo ora ao Senhor três vezes pedido ao Pai exatamente a mesma coisa e semelhantemente usa quase que as mesmas palavras em sua oração, pedido a seu Pai que lhe afastasse tal cálice. Talvez você não ainda nunca parou para pensar porque Jesus orou três vezes pela mesma coisa ao Pai.
       Não é costume de um judeu orar mais de uma vez pedindo ao Pai a mesma coisa numa oração, um judeu somente orava três vezes pela mesma coisa, quando ele estava em um estado em que não pudesse mais suportar tamanha angustia, dor ou aflição, e encontramos na bíblia sagrada mais uma passagem onde além de Jesus, também vemos a aflição de tal homem pedido a Deus três vezes exatamente a mesma coisa. O apóstolo Paulo em 2Co 12:8, pede a Deus que retire o espinho de sua carne, tal espinho o leva a orar três vezes ao Senhor por este mesmo motivo e tem como resposta do Senhor que a sua graça  lhe bastava. Não tenho mais lembranças de que haja na bíblia sagrada algum outro texto que cite alguém orando três vezes ao Senhor pelo mesmo motivo, embora o espinho na carne de Paulo também seja especulativo, não tenho dúvidas de que era algo que afligia sua alma, e que o angustiava diariamente. Mas o nosso foco é o cálice de Jesus, ou seja, o cálice que Jesus gostaria que o Pai lhe poupasse, o cálice que afligia os últimos momentos de Cristo na terra, mas, o que era este cálice, o que continha neste tal cálice que afligiu tanto a Cristo em seus momentos finais?
       Fazendo uma releitura de algumas passagens bíblicas, obtive um entendimento sobre o que supostamente poderia ter sido tão indesejado por Cristo para que orasse ao Pai com tanta veemência para que tal cálice lhe fosse afastado.
       Antes de expor o que em minha opinião poderia ser o cálice indesejado por Cristo, gostaria que você pensasse sobre quem era, ou o que era Cristo antes de sua encarnação neste mundo. No evangelho de João capítulo 1, Cristo é descrito como o autor da vida, no mesmo evangelho de João no capítulo 14 o próprio Cristo diz explicitamente que Ele é o caminho, a verdade e a vida. Em outras passagens também encontramos a mesma atribuição a Cristo. Imaginemos também Jesus no esplendor de sua glória no céu em vida eterna onde não há dor, pecado, sofrimento nem morte, ou seja, o conhecimento da morte para Cristo era algo apenas teórico pois, Ele como Deus tinha conhecimento do que era a morte mas somente na teoria, ele jamais sabia o que era morte enquanto encontrava-se no esplendor de sua glória a não ser em teoria.
Outra coisa também desconhecida para Cristo era estar longe da presença do Pai, estar distante da luz e da paz que emana do trono de Deus vinda do próprio Deus, Jesus não sabia o que era trevas, pois ele vivia na luz e no céu não há trevas. Assim como para nós a morte é algo teórico e especulativo, para Jesus a morte não soava muito diferente, é claro que existem muitas pessoas que teorizam que a morte é o fim de tudo, outros dizem que a morte é apenas o começo, há pessoas que tiveram a oportunidade de passarem por extraordinárias experiências de EQM (experiência de quase morte), onde relatam o que viram “do outro lado”, mas mesmo assim, tanto pra mim quanto pra você a morte nada mais é do que algo desconhecido.
       Mesmo sendo a morte um mistério para nós, não podemos negar o fato de que quando ela bate a nossa porta ou quando passa gelada e pálida por nós num quase acidente, ou numa cirurgia de alto risco ou numa tentativa de assalto ou qualquer outra experiência que possamos ter, não podemos negar o fato de que mesmo não sabendo ao certo o que é a morte ela nos assusta, e não é de se admirar ter medo da morte, porque é bem sabido que o homem não foi feito para enfrentar a morte, Deus ao criar o homem, deu-nos estrutura para vivermos eternamente, porém, por causa do pecado o homem trouxe consigo essa terrível e indesejada companhia. Cientificamente falando, foi comprovado que o coração é um órgão que tem perfeitas condições de trabalhar eternamente, o que acaba confirmando que o homem não foi feito para a morte, mas para a vida.
       Creio que você já tenha a dimensão do que quero falar através deste texto, pois, se Cristo é Deus e desfrutava da eternidade com Deus que é amor, se Cristo é o autor da vida, se tudo o que foi feito se fez por meio dele, se ele é a luz do mundo e se a vida só existe por meio dele, fica então claro ao nosso entendimento associarmos o que Cristo sempre foi e é, com a desconhecida experiência que Ele enfrentaria nos últimos momentos de sua vida.
       Baseado na certeza de quem Cristo é, imagino o porquê Ele orou daquela forma e por 3 vezes no Getsêmani com seus discípulos momentos antes de sua morte. Não acredito que Jesus estivesse com medo da morte física como muitos pregadores afirmam em suas mensagens, pois foi Jesus mesmo quem disse a seus discípulos para não temerem aqueles que podem matar o corpo, mas não podem tocar na alma, Ele nos aconselha a temermos Aquele que pode tanto matar o corpo quanto lançar nossa alma no inferno. Sendo Cristo o autor desta afirmação, não posso aceitar a idéia de que Jesus orasse ao Pai pedindo que lhe afastasse o cálice da morte ou da dor física que ele enfrentaria na cruz do calvário, considero inaceitável tal afirmação mesmo sendo conhecedor das possíveis consequências de uma morte de cruz. Não estou dizendo que Cristo não sofreu nos seus momentos finais, mas se formos comparar o sofrimento de Cristo com o sofrimento do apóstolo Paulo, somos levados a crer até mesmo pela declaração do próprio apóstolo que ele sofreu muito mais em vida do que o nosso próprio salvador. Não é aceitável associarmos esta oração de Jesus como um pedido de livramento da dor que sofreria por toda a humanidade.
       Tenho por mim que esta oração de Cristo representa a gradativa chegada de algo tão novo que levou o autor da vida a um estado de angustia tão profundo que ele mal podia imaginar o que seria na prática tudo aquilo que ele conhecia somente na teoria. Creio que a morte foi um dos motivos pelo qual Jesus orou pedindo para que se possível fosse afastado dele aquele cálice, mas não creio que se tratava da morte física como fim da existência, pois acredito que morte não significa o fim, acredito, pois, que ele temeu a morte no seu verdadeiro significado que é separação, assim como Adão experimentou a morte no éden, Cristo estava as portas de passar pela mesma experiência de morte de adão, claro que com muito mais agravantes que Adão. Adão era uma criatura, Cristo o criador, Adão foi criado para viver eternamente, Cristo é eternamente a vida, Adão embora perfeito em santidade não estava sempre na presença de Deus, Cristo é um com o próprio Deus pois ele é Deus. E por essas e outras a experiência da morte, ou seja, da separação que a morte proporciona é que o angustiou ao ponto de levá-lo a fazer tal oração, não era simplesmente à morte e sim a separação que ela causaria em sua existência, mais que isso, de quem ele teria que se separar por causa de nossos pecados. Se morte é separação, então quando morremos nos separamos de algo, ou seja, quando morremos nesta vida, somos automaticamente separados daqueles que amamos, do mundo materialmente humano que nos relacionamos e principalmente de nosso próprio corpo, mas levando para uma proporção ainda maior, se morte é separação então imaginemos o que Cristo enfrentaria se passasse por esta morte.
       No meu entendimento o cálice indesejado por Cristo era a separação que Ele teria que enfrentar com a chegada da morte. Cristo teria que enfrentar a dor, a solidão, as trevas e a ausência do Pai criador dos céus e da terra, mesmo que esta separação fosse momentânea lhe causou muita angustia, pois para Cristo seria o momento mais indescritível de sua existência eternal. Imaginem o que representaria para Cristo que era Deus, o autor da vida, que desfrutava de intima comunhão com o Pai ao ponto de dizer a um de seus discípulos que quem o via, via o Pai, se ver numa situação totalmente adversa sem ninguém para consolá-lo e fortalecê-lo. Imagine Cristo que é a vida, o autor da vida passar pela morte, sentir a morte sem a presença de seu todo poderoso Pai. No salmo 23 Davi confiante da presença do Pai em sua vida diz:”...ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte, não temerei mau algum porque tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam...”. Agora imaginem Cristo no momento de sua morte, totalmente separado do Pai, só, abandonado não por opção, mas por obrigatoriedade do pecado, no mesmo vale descrito por Davi, como citaria este versículo? Creio eu que seria assim: “... andando eu pelo vale da sombra e da morte estou, temendo o mau porque tu NÃO estás comigo, a tua vara e o teu cajado NÃO PODEM me consolar...”, e porquê? Por que na morte de Cristo na cruz do calvário ele não somente se separaria deste mundo físico, de seu corpo e de seus amigos, mas como também se afastaria daquele por quem ele nunca se viu só, do próprio Deus. Aquele que habitava no esconderijo do altíssimo à sombra do onipotente não poderia dizer que estava em descanso, pois o esconderijo se esconderia, o onipotente se afastaria e no lugar da sombra uma escuridão aterrorizante lhe envolveria.
       Não há nada pior para aqueles que desfrutam de intimidade com Deus, que sentem a graça de seu amor, o poder de seu perdão e a paz que emana desta comunhão do que perder esse contato, assim foi com Moisés que após tirar o povo do Egito foi para o deserto, porém o povo era obstinado de coração e Deus ordenou a Moisés que conduzisse o povo para a terra que ele havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó, mas que Ele mesmo não iria caminhar com o povo, Ele enviaria um anjo adiante do povo para os livrar dos inimigos, mas Moisés ouvindo aquilo disse ao Senhor que se Ele se recusasse a estar com eles, que Ele não os fizesse sair daquele lugar. Moisés só aceitaria conduzir o povo de Deus, se a sua presença estivesse no meio deles.
       O que assegura nossa paz é a certeza de que Deus está conosco, de que seus olhos estão sempre nos velando, que tua mão está sempre nos guardando e que teu braço forte está sempre nos protegendo.
Em Mateus 4 quando Jesus é tentado pelo diabo em sua última tentativa, o diabo apresenta todos os reinos do mundo a Cristo e os oferece a Jesus se Ele simplesmente se prostrasse e o adorasse. Embora muitos não consigam ver a dimensão da tentação nesta passagem, fica muito claro o que satanás está propondo a Cristo. Nesta tentação especificamente ele está propondo dar a Jesus tudo o que Deus lhe prometeu dar, ou seja, todos os reinos deste mundo e um reinado sem fim, porém, não havia no universo ninguém mais capaz de cumprir o propósito da redenção da humanidade fora de Cristo, somente Jesus era suficientemente capaz de pagar o preço exigido pela remissão de nossos pecados, satanás sabendo da recompensa que Deus daria a Jesus, lhe oferece uma oportunidade de alcançar tal recompensa sem a necessidade de passar pela cruz. O que o diabo estava propondo era os reinos do mundo, sem a dor, humilhação e o abandono na cruz do calvário, bastava apenas Cristo o adorar e o reconhecer como Deus, por meio de um atalho. Caso Cristo aceitasse a oferta não haveria um plano B para a humanidade, estaríamos eternamente mortos, definitivamente separados de Deus. E quando Jesus ora ao Pai pedindo que lhe afastasse tal cálice é possível aceitarmos a idéia de que Cristo nem que seja por um milésimo de segundo se lembrou daquela maldita tentação, pois tal pedido é um claro paralelo entre a oração de Jesus e a sugestão de satanás haja vistas que Cristo era conhecedor de que a remissão dos pecados da humanidade só seria possível através do pagamento do salário do pecado que é a morte, sem morte seria impossível a remissão de nossos pecados, e nossa remissão só seria feita através do cumprimento do pagamento na íntegra pelo pecado, pois o salário do pecado é a morte, mas quando Cristo ora ao Pai pedindo que se possível lhe fosse afastado dele aquele cálice, podemos conjecturar que ele estava perguntando ao Pai se haveria alguma outra forma de redimir nossos pecados, ou se seria possível não perder a comunhão que dispunha com o Pai, assim como o diabo outrora perderá, o que subentende-se nesta oração é que Cristo pede ao Pai um atalho assim como o diabo insinuou na tentação, as palavras tentadoras de satanás no início do ministério de Jesus, foram novamente uma fonte de tentação lançadas agora nos momentos finais do ministério de Jesus, atalho não era propósito de Deus, mas satanás induz Jesus a pensar que se os reinos do mundo foram entregues a ele que era um usurpador, então ele leva Cristo a pedir ao Pai uma outra alternativa fora dos planos divinos. Cuidado!
O inferno não é aterrorizante por causa de seu fogo, nem por causa da dor que sofrerão aqueles que para lá forem, o inferno não será um lugar de tormento só por causa dos vermes que lá haverá, mas o inferno será um inferno, porque lá em nenhum lugar, por maior que possa ser, jamais em canto algum você sentirá a presença de Deus, pelo contrário, a ausência de Deus será tão grande que a existência não tem sentido.
Por mais que você não queria admitir, estamos rodeados da manifestação da presença de Deus. Sentimos Deus na natureza, na brisa suave em meio ao calor infernal, na chuva em meio a seca devastadora, no sol em meio a geada sem fim, sentimos a presença de Deus no favor a nós manifesto imerecidamente, no livramento de um acidente, de uma doença ou de uma desgraça.
A presença de Deus em nossas vidas é tão importante que viveríamos desorientados se o Pai não estivesse conosco a todo o instante, pois disse Jesus: “...sem mim, nada podeis fazer...”
E por que Cristo viveria esse momento de terrível abandono e solidão? Ele sabia que ao se fazer pecador por nós na cruz do calvário ele teria que sentir exatamente o que um pecador sente, ou seja, o salário do pecado que é a morte, que é a separação do eterno, que é o caos, o medo, a dor, o sofrimento, o desconsolo, o frio e a presença da morte. Cristo sentiu a presença do pai em todos os momentos de sua existência, mas no exato momento da cruz no calvário, o pai não por vontade própria, não por vaidade, não por desamor, mas por causa de sua própria justiça e amor pela humanidade, teve que se separar de Cristo, se partir ao meio, se auto-abandonar no pior momento da história de Jesus enquanto esteve entre nós, por isso Cristo na cruz no calvário disse: Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?
       Jesus Cristo enfrentou o inimaginável para que nós pudéssemos desfrutar de tamanha comunhão com Deus, o sacrifício de Cristo na cruz do calvário foi tão sublime que permitiu a presença de Deus com aquele se considera o mais viu pecador, o Espírito Santo agradece a Cristo a oportunidade de estar ao nosso lado a todo o instante diuturnamente para consolar, confortar e exortar-nos convencendo-nos do pecado, da justiça e do juízo, a entrada definitiva do Espírito Santo na humanidade só seria possível se Cristo abdicasse por nós da gloriosa presença de Deus. E mesmo vendo o Pai que tanto amava lhe dando as costas por causa de nossos pecados, enfrentou solitário e confiante a batalha que lhe assegurou a vitória sobre a morte e seu aguilhão e por seu amor e coragem podemos nos apropriar das palavras benditas que o apostolo Paulo cita no livro de Romanos 8:35-39 “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: “Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro”. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação Será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
       Ele bebeu o seu pior cálice para que desfrutássemos de um vinho novo, Ele morreu para nos resgatar à vida, Ele se separou daquele que queria nos aproximar, enfrentou seu pior pesadelo para que um dia desfrutássemos do sonho que Deus tem planejado para nós.
Alexandre da Penha.

segunda-feira, 11 de março de 2013

A OMISSÃO TRAZ RECOMPENSA

Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados. “Edmund Burke”

       Se você olha a sua volta e vê crescer a violência, o consumo de drogas, a falta de ética profissional, a desonestidade nos negócios, a desestruturação familiar, a depreciação pela vida humana e o sexo sendo exposto com tanta naturalidade nos meios midiáticos afetando e destruindo literalmente os valores éticos e morais transferidos aos nossos filhos no seio familiar, certamente você é mais um daqueles que se revolta quando somos bombardeados por tais notícias que tão de perto nos rodeiam. Não é de se admirar que uma ira sem fim se apodere do seu ser quando ouve nos noticiários casos onde homens vis violentam sexualmente crianças inocentes e indefesas, tenho por certo que aqueles que são pais imediatamente pensam o que seriam capazes de fazer se descobrissem que tal coisa aconteceu a um de seus filhos!
       Diariamente estamos lidando com situações que prefiro chamar de desconstrução da ética e da boa moral familiar e social, onde a prática frequente e a exposição diária a tais malefícios nos tornam passivos diante de tantos acontecimentos corriqueiros em nossa cidade, nosso estado, nosso país e no mundo. A minha pergunta é: O que você tem feito para tornar seu meio um ambiente melhor tanto para você quanto para aqueles que você ama?
       Embora tenha citado fatos sociais, é bem sabido que sem vida moral não existe vida espiritual, e não há bem maior neste mundo do que sua alma.
       Observando atentamente o curso seguido pelo mundo atualmente, me pergunto se o mundo está tão catastrófico assim por causa da maldade crescente, ou pela omissão de homens e mulheres que poderiam contribuir para um mundo mais harmonioso, mas que porém não o fazem! Por está razão fiz questão de citar no inicio deste texto a frase bem conhecida do irlandês advogado, político e filósofo Edmund Burke.
       Suas palavras dispensam análise filosófica devido a tamanha clareza explícita em si mesmas. Se não queremos que o mal prevaleça, basta arregaçarmos as mangas e sairmos para o combate, mas o que vemos é uma sociedade omissa, cativa e manipulada pelos meios de comunicação, uma sociedade acomodada e estagnada que está sempre esperando que o outro faça o que ele sabe que deve fazer, mas não o faz. Diria que Burke não foi apenas filósofo quando proferiu tais palavras, mas que ele também profetizou para a humanidade ao citar esta frase. Queremos um mundo melhor, mas nunca nos inteiramos dele, queremos uma cidade mais limpa, mas não nos preocupamos em recolhermos nosso próprio lixo, queremos o fim das drogas, mas negligenciamos o amor, o afeto e atenção no seio familiar, queremos menos violência, mas em nossas horas de folga assistimos filmes com alto teor de violência e sexo, queremos políticos honestos, mas sempre vendemos nossos votos por uma receita médica, por alguns sacos de cimento e alguns milheiros de tijolos, mais que isso, sempre votamos nas mesmas figuras marcardas da política em nosso país, queremos ir para o céu, mas estamos sempre fazendo o que o diabo gosta. E por falar em fazer o que o diabo gosta, a verdade mesmo é que para satisfazer ao diabo nem precisamos fazer o que ele gosta, basta apenas aceitarmos passivamente o que ele tem ditado como regra para a sociedade, basta apenas cruzarmos os braços e não apresentarmos resistência aos seus planos.
       Como cristão não posso me omitir nem tão pouco cruzar os braços e deixar a sociedade e as pessoas que estão a minha volta a mercê de seus próprios desejos desenfreados, como cristão deve sentir um desconforto na alma e propagar através de minha conduta e de minhas palavras qual a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para aqueles que estão a minha volta, como cristão não posso ser egoísta e me isolar do mundo e das pessoas deixando-as seguirem em direção ao inferno sem ao menos lhe dizer qual a direção do céu. Como cristão não posso ter um olhar acusatório, nem ao menos uma conduta repulsiva com aqueles que necessitam de luz para os seus caminhos, não basta apenas buscar a salvação de minha própria alma e deixar que o resto do mundo mergulhe de ponta cabeça no inferno, como cristão tenho que ao menos tentar falar e demonstrar que Jesus é o caminho a verdade e a vida. Cristandade não é apresentar o relatório dos pecados alheios a todos com quem conversa, nem tão pouco ter um olhar altivo julgando-se melhor do que aqueles que aparentemente seguem na contramão do caminho para o céu.
       Embora eu disponha de alguns argumentos para expressar qual a conduta cristã mediante a uma sociedade corrompida, a decisão de se omitir ou sair para a guerra é sua. Você tem a opção de se omitir, mas não se esqueça que um dia você irá prestar conta a Deus por sua omissa negligência mediante a depravação social que campeia a sua volta, não pense que o Senhor entenderá que você era só mais um na multidão desprovido de conhecimento, recursos ou influência, não! O Senhor não se deixa escarnecer, tudo o que o homem semear, certamente ele vai colher. Ou você pensa que passará imune diante do Senhor pelas vidas que poderiam ter desfrutado de paz, realização e reconciliação com Deus? Não se engane, suas palavras podem mudar os hábitos de uma cidade inteira, basta se dispor.
       Estou dizendo isto, porque além das palavras de Edmund Burke, encontro na bíblia sagrada algumas passagens que comprovam exatamente o que estou dizendo. Em Mt 11: 20-24 diz a bíblia: ...”Então começou ele a denunciar as cidades onde se operou a maior parte dos seus milagres  por não se terem arrependido. Ai de ti, corazim! Ai de ti, Betsaida! Se em Tiro e Sidom se tivessem feito os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com pano de saco e cinza. Por isso eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom, do que para vós. E tu, Cafarnaum, erguer-te-ás até os céus? Serás abatida até o inferno. Se em Sodoma tivessem sido feito os milagres que em ti se operaram, ela teria permanecido até hoje. Porém eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para os de Sodoma do que para ti.”
       Tais palavras foram proferidas pelo próprio Senhor Jesus Cristo, que interpretando as suas palavras fica claro o fato de que se em Sodoma houvesse alguém para anunciar a palavra de Deus, ela teria existido pelo menos até os dias de Cristo. Faço questão de citar em particular a cidade de Sodoma pois tenho certeza que a maioria dos leem este texto conhecem a sua história. Sodoma juntamente com Gomorra foi destruída por uma chuva de fogo que caiu do céu, resumidamente seria isso. Para aqueles que buscam maiores detalhes recomendo a leitura do livro do Gênesis para maiores esclarecimentos, porém, o que gostaria de resaltar aqui é o fato de que a cidade de Sodoma havia um homem justo e fiel a Deus chamado Ló, mas que ao invés de fazer resplandecer a presença de Deus naquele lugar, preferiu se omitir e abandonar a cidade, sua mulher e suas filhas e ir passar a maior parte de seu dia na entrada da cidade. Ló era um homem temente a Deus, mas não expressava de forma ávida sua devoção e crença no seu Deus, ele poderia ter pregado ao povo de Sodoma mas não o fez, ele poderia ter se tornado um referencial de benção para aquele povo, mas não o quis, preferiu a omissão do que sair para a guerra, e como resultado ele é citado nas entrelinhas das palavras de Jesus em Mateus 11:20-24, releia o texto e veja que não foi somente a cidade de Sodoma destruída, Gomorra também foi destruída na ocasião, mas Jesus cita apenas Sodoma e porque? Por que somente em Sodoma havia alguém capaz de anunciar as verdades de Deus e a testemunhar com sua própria vida a existência do criador do universo, já em Gomorra não havia ninguém, nenhum servo do Deus Altíssimo, pelo menos não citado nas escrituras, por isso Jesus cita Sodoma e não Gomorra.
       Você pode ter uma família abençoada, ter filhos abençoados, ser um homem ou uma mulher que teme ao Senhor, mas nunca se esqueça que a sua omissão o torna responsável pelas pessoas que estão a sua volta, você é responsável pelo caminho de trevas que sua cidade, seu bairro ou seus vizinhos trilham. Não basta apenas salvar sua alma da perdição social e do inferno, é preciso ao menos tentar mostrar qual o caminho que conduz ao céu.
       Seja como o profeta Jonas que tentou fugir da cidade onde o Senhor o havia enviado, mas reconsiderou e mesmo contra sua própria vontade, pregou o que o Senhor havia mandado e poupou a destruição de Nínive por mais 100 anos. Uma única mensagem foi capaz de romper maus costumes e prolongar a vida de uma cidade inteira por mais 100 anos. Se Ló tivesse assumido sua posição de seguidor de Cristo, a cidade de Sodoma teria permanecido por pelo menos mais 1700 anos. Faça sua parte, seja a luz que iluminará o caminho de muitos, é como disse Jesus: Se o sal for insípido para que mais serve senão para ser pisado pelos homens.
Alexandre da Penha